Dez/2008
Para meu sobrinho Marquinhos
Eu amo um menino que vive em uma ilha.
Lá ele vive, e cá eu o vejo.
Às vezes de tão longe que mais adivinho do que sei...
Mas às vezes de tão perto que toco os seus cachos.
Fico na praia e espero.
Tem barqueiro? Tem ponte? Tem tartaruga, gaivota, garrafa para eu mandar um bilhete?
Menino, meu menino, eu queria tanto saber...
Como é o céu por aí? É azul ou as cores se amontoam, se encaixam nas suas tesouras e mãos?
Que bichos que tem, que frutas você come...
Me conta, menino, a água, como é? Dança na chuva, pula das pedras...
Ou você bebe mel de beija-flor e leite de dinossauro?
Onde você dorme, meu querido? Depois da caçada, entre tigres e antílopes?
Ou as folhas de palmeira se abaixam para te cobrir nas noites frias e te abanar nas noites quentes?
E quem te guarda, menino? Com quem brincas e falas, com tantas palavras nessa língua de gato e cascata?
Às vezes o menino vem e pisa aqui do meu lado,
assim de repente surgindo neste asfalto quente e doído do meu mundo.
Conversa comigo e certa vez me consolou quando eu chorei, depois de tentar esconder dele minha dor.
Tão idiota eu sou, me desculpa menino.
Se eu te olho daqui e tento te adivinhar, porque você não faria o mesmo comigo?
Mas olho de novo e você ja partiu!
Um dia menino, meu menino, recebe meu olhar no teu e fica um pouco mais comigo?