sexta-feira, 24 de abril de 2009

Suave

05/02/2009

Hoje minha alma acordou suave.

As crianças e os caixas sorriem para mim

e todas as filas tem o tempo certo da conversa miúda.

Nem ambições nem paixões a vista,

lagoa rasa,

sem pressa ou medo...

Descanso nas pequenas coisas.

E só espero da vida um banho longo e dormir cedo.

Meu menino da ilha

Dez/2008

 

Para meu sobrinho Marquinhos

 

Eu amo um menino que vive em uma ilha.

Lá ele vive, e cá eu o vejo.

Às vezes de tão longe que mais adivinho do que sei...

Mas às vezes de tão perto que toco os seus cachos.

 

Fico na praia e espero.

Tem barqueiro? Tem ponte? Tem tartaruga, gaivota, garrafa para eu mandar um bilhete?

Menino, meu menino, eu queria tanto saber...

Como é o céu por aí? É azul ou as cores se amontoam, se encaixam nas suas tesouras e mãos?

Que bichos que tem, que frutas você come...

Me conta, menino, a água, como é? Dança na chuva, pula das pedras...

Ou você bebe mel de beija-flor e leite de dinossauro?

 

Onde você dorme, meu querido? Depois da caçada, entre tigres e antílopes?

Ou as folhas de palmeira se abaixam para te cobrir nas noites frias e te abanar nas noites quentes?

E quem te guarda, menino? Com quem brincas e falas, com tantas palavras nessa língua de gato e cascata?

Às vezes o menino vem e pisa aqui do meu lado, 

assim de repente surgindo neste asfalto quente e doído do meu mundo. 

Conversa comigo e certa vez me consolou quando eu chorei, depois de tentar esconder dele minha dor. 

Tão idiota eu sou, me desculpa menino. 

Se eu te olho daqui e tento te adivinhar, porque você não faria o mesmo comigo?

Mas olho de novo e  você ja partiu!

Um dia menino, meu menino, recebe meu olhar no teu e fica um pouco mais comigo?